quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Policiais militares são demitidos por esquema de corrupção em escalas de serviço em batalhão de Fortaleza



A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário puniu três policiais militares com demissão pela acusação de corrupção nas escalas de serviço de um batalhão da Polícia Militar do Ceará. Um quarto PM investigado foi absolvido.

Interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça Estadual do Ceará, identificaram conversas em que pelo menos 12 PMs buscavam trocas de benefícios na escala do serviço público, no 17º Batalhão de Polícia Militar, localizado no Bairro Conjunto Ceará, em Fortaleza. As investigações precisaram ser desmembradas em três processos, devido ao número de agentes.

No processo, o controlador geral de Disciplina do Estado, Rodrigo Bona, decidiu pela demissão de três sargentos e absolvição de outro. A decisão foi publicada em portaria, no Diário Oficial do Estado da última sexta-feira (13). A Polícia Militar foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta matéria.


Casos de propina

Conforme as investigações, um dos sargentos atuava como escalante do 17º BPM desde 2008 e se utilizaria da função para obter recursos oriundos de propina paga pelos outros policiais. As interceptações registraram conversas suspeitas entre os anos de 2016 e 2017.

Em uma das conversas, ocorrida às 11h54 do dia 24 de fevereiro de 2017, uma sexta-feira anterior ao Carnaval, o sargento liga para outro sargento para cobrar R$ 100. O policial pede até o fim do dia para realizar o pagamento, porque está ocupado, mas o PM escalante afirma que o colega de farda tem até 14h daquele dia para pagá-lo, senão seu nome estará na escala.

Mais tarde, em nova ligação, às 17h47, o PM garante que irá efetuar o pagamento mais tarde. E seu nome não constou na escala do feriado, segundo a investigação.

Questionados pela CGD, os militares alegaram que o pagamento era referente a uma bota que tinham negociado e que o oficial estava de férias naquele período, por isso não trabalhou no Carnaval.

O esquema de propina em escalas de serviço do 17º BPM foi descoberto durante os levantamentos da Operação Gênesis II, na qual o Gaeco investiga uma organização criminosa, formada policiais civis e militares e traficantes, acusada de extorquir outros traficantes, na Grande Fortaleza. Os valores cobrados custavam de R$ 4 mil a R$ 10 mil.

A Operação foi deflagrada no dia 16 de setembro último, para cumprir 17 mandados de prisão e mais 17 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos, estavam nove PMs, três policiais civis da ativa e um policial civil aposentado. As identificação não foram reveladas, em razão do sigilo da investigação.


Por G1 CE


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