segunda-feira, 5 de abril de 2021

65% dos cearenses têm 'muito medo' de ser infectados pelo novo coronavírus, aponta pesquisa

 


Medo. Privação. Angustia. Estes são alguns dos sentimentos vivenciados por muitos brasileiros durante o período de pandemia. Esse misto de emoções tem uma razão de existir: o temor em se contaminar com o novo coronavírus.

Atualmente, 65% da população cearense afirma ter ''muito medo'' de ser infectada pela Covid-19. O dado integra a pesquisa ''Opinião, rotina e impactos na vida dos cearenses durante a pandemia'', feita pelo Instituto Opnus e divulgada com exclusividade pelo Diário do Nordeste.

Maria Liduina Barbosa faz parte dessa fatia da população. A secretária e assistente jurídica de um escritório de advocacia e assessoria, em Fortaleza, conta que há um ano alterou rotina e reduziu o contato social, inclusive com a família. Ela não foi infectada pelo vírus, mas carrega consigo outras cicatrizes que a Covid-19 foi capaz de causar indiretamente.

Perder o irmão, ainda em março do ano passado, e não poder se despedir é uma marca na alma difícil de apagar, releva Liduina. ''Ele não morreu por decorrência da Covid, mas estava no ápice da primeira onda e eu tive muito medo de ir ao sepultamento. Sou do grupo de risco e, por isso, não pude me despedir do meu irmão'', conta emocionada.

Essa preocupação carregada por ela há pouco mais de um ano é compartilhada pela maioria dos cearenses. A pesquisa Opnus revela que 81% dos entrevistados se mostram muito preocupados com a pandemia. Em julho de 2020, esse índice era de 45%.

O diretor do Instituto Opnus, Pedro Barbosa, explica que para entender esse aumento no número de pessoas que passaram a ter medo da contaminação, é preciso contextualizar os dois momentos em que as pesquisas foram feitas: julho de 2020 e março deste ano.

"Em julho, o pico já tinha passado. O pior momento havia sido na segunda quinzena de maio. Depois disso os índices começaram a cair vertiginosamente de junho em diante. Agora, é exatamente ao contrário. A pesquisa foi feita justamente no ápice da pandemia desta segunda onda", avalia Pedro.

Diante dos números de casos e óbitos deste ano, que já são superiores ao de 2020 em várias regiões do Brasil, Barbosa avalia que "o temor da população naturalmente agora é maior". A volúpia de casos, ainda segundo o diretor, justifica a percepção das pessoas quando ao atual cenário. "As novas variantes que acabaram mudando o perfil epidemiológico dos infectados e generalizou a preocupação que antes talvez estava mais restrita aos públicos que tinham maior risco de se contaminar".


Distanciamento

O receio de se contaminar e a percepção de piora no cenário pandêmico fizeram Liduina se distanciar da família e de amigos. Ela, no entanto, não foi a única a adotar tal postura. Ao todo, 87% dos entrevistados disseram que deixaram de visitar amigos ou parentes no último ano.


Rotina

Apesar do medo, 45% dos cearenses afirmaram, na pesquisa, que saem de casa ''para trabalhar'' mantendo os cuidados redobrados. José Oliveira, Adelania e Liduina fazem parte deste grupo. No entanto, para o trio, manter as atividades requer uma série de cuidados.

''Essa doença é uma roleta-russa. Tem gente que pega e não sente nada, e outros mesmo sem comorbidade são infectados e morrem. Portanto, a única forma de evitar esse risco é se prevenindo. Uso sempre máscara e álcool em gel e tento manter o distanciamento quando possível. Receber amigos em casa foi algo que saiu da agenda'', detalha.


Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário