quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Acidentes com águas-vivas e caravelas aumentam em temporadas de ventos fortes no Ceará

 



Acidentes com águas-vivas e caravelas portuguesas devem ficar mais comuns neste fim de ano no Ceará. Em Fortaleza, de acordo com relatos enviados ao G1, banhistas sofreram lesões após encontro com os animais na Praia do Futuro.

Marcelo de Oliveira, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que a frequência e a intensidade dos ventos estão por trás do crescimento de casos nessa época do ano.

“A velocidade e a direção dos ventos levam a ocorrência de caravelas próximo à faixa de praia. As medusas também podem ocorrer nesse período, embora sejam mais comuns no período chuvoso”, conta o pesquisador.

Como tanto as águas-vivas como as caravelas têm corpo transparente, é preciso atenção ao entrar na água. Identificar os organismos é fundamental para evitar acidentes, conta Marcelo.

“A caravela portuguesa lembra um pequeno saco de coloração azul ou lilás com grandes filamentos, que podem alcançar mais de dois metros. Esses filamentos podem se enrolar no braços das pessoas quando elas estão tomando banho. O vento acaba enrolando os filamentos nas pernas”, adiciona Marcelo.

Nos próximos anos, as ocorrências devem ficar mais frequentes, avalia o estudioso. “A pesca excessiva e as mudanças climáticas estão aumentando a quantidade de animais nos oceanos. Isso pode ficar mais frequente nas próximas décadas”, diz Marcelo.


Prevenção


Guarda-vidas da 1ª Companhia de Salvamento Marítimo do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, Cabo Eduardo Benevides acompanha as ocorrências na Praia do Futuro e chama atenção dos frequentadores para prevenção.

“Sempre alertamos que a praia, por ser ambiente natural, oferece riscos. Apesar de ser um local de lazer, é preciso estar atentos aos organismos. Alertamos aos pais que as crianças podem se aproximar desses animais e sofrer queimaduras”, indica.

O principal cuidado está com os filamentos que saem do corpo dos animais. A dor é intensa e pode durar até meia hora. “É uma experiência bastante desagradável. É preciso superar uns 20 ou 30 minutos de dor”, avalia cabo Benevides. Para reduzir a queimação, o ideal é lavar o local com água salgada.

“Não usar água doce. Pode potencializar a queimadura. Se a água salgada estiver resfriada e gelada ainda é melhor para dar uma analgesia no local. Vinagre também é indicado. “Se a reação for muito intensa, o ideal é procurar atendimento médico com urgência”, recomenda o bombeiro.


Veja outras orientações do Corpo de Bombeiros para prevenir acidentes com os animais:

  • Esteja sempre em área protegida por guarda-vidas;
  • Pergunte ao bombeiro sobre as condições da água e se há presença de águas-vivas. Se houver, evite entrar no mar;
  • Saia da água imediatamente ao avistar águas-vivas;
  • Evite entrar no mar sozinho ou à noite;
  • Não toque nos animais, mesmo aqueles que estejam aparentemente mortos na areia da praia.
  • Se você for queimado, saia imediatamente da água e lave o local apenas com água do mar, sem esfregar as mãos na área afetada.
  • A única outra substância recomendável para se colocar na área atingida é o vinagre, que neutraliza a ação da toxina.
  • Nunca toque nos animais, nem mesmo naqueles que estejam mortos na areia da praia.
  • Caso haja grande área de queimadura, ou se surgirem sintomas como vômitos, náuseas, cãibras musculares ou dificuldade para respirar, é recomendado que se busque uma unidade de saúde para tratamento específico.

Por G1 CE


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