Enquanto registrava casos de
Covid-19, o Ceará anotou uma queda 81,9% nas ocorrências de H1N1 até o mês de
setembro. Se nos primeiros nove meses deste ano foram 19 ocorrências, em 2019,
o número chegou a 105. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Somando 11 casos, março foi o mês
com maior número de diagnósticos do vírus influenza, seguido por fevereiro (5),
janeiro (2) e maio (1). Nos demais meses, cinco ao todo, não foram
contabilizadas novas notificações.
No ano passado, porém, somente
janeiro e setembro não tiveram registros. Durante o período sazonal, quando há
alta dos números, a doença marcou 11 casos em março; 26 em abril; 44 em maio e
15 em junho. Na sequência estão julho (7), além de fevereiro e agosto com um
caso cada.
Segundo a infectologista Mônica
Façanha, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade
Federal do Ceará (UFC), o uso da máscara contribuiu para a diminuição nos casos
da doença. Enquanto algumas práticas precisaram ser suspensas com a chegada da
Covid-19, como festas e aglomerações, outras passaram a ser regra, como o
distanciamento social e o uso de máscara. “Com certeza o uso de máscara
contribuiu para a redução da transmissão”, diz.
No entanto, a médica aponta que,
para além do uso de máscara, outros fatores também podem ter contribuído, como
a subnotificação dos casos. “Os olhares estão todos para pesquisar Covid-19,
então é possível que algum caso de H1N1 tenha passado sem que tenha sido feito
a pesquisa para o diagnóstico, porque como os quadros podem se superpor, pode
ter sido interpretado como Covid-19 e ser H1N1”, explica.
Além disso, também pondera que o
aumento na área de cobertura da vacina contra H1N1 também pode ter influenciado
nesses índices. De acordo com a Sesa, cerca de 2,56 milhões de doses da vacina
foram aplicadas no Ceará em 2019, correspondendo a 94,94% da cobertura vacinal,
enquanto neste ano, foram aplicadas aproximadamente 2,9 milhões de doses
abrangendo 96,98% da meta.
Campanha
Por orientação do Ministério da
Saúde, o Ceará antecipou a campanha de vacinação contra a gripe para o dia 23
de março. Segundo a coordenadora de Imunização da Sesa, Carmem Osterno, três
grupos atingiram 100% de cobertura vacinal: profissionais de saúde, idosos e
indígenas. Cerca de 95% das crianças foram alcançadas. Já o de gestantes e
puérperas ficou entre 80% e 90% da meta.
Para Carmem, o alcance deste ano
poderá repercutir positivamente na próxima campanha vacinal. “Quanto mais
vacinados, menor o risco de adoecerem. Quanto mais você vacina, mais pessoas
ficam imunizadas e automaticamente o vírus circula menos”, atesta.
Contudo, apesar do estado ter
registrado essa queda nos últimos meses, as ocorrências podem voltar a subir
caso o uso de máscara e a prática do distanciamento seja interrompida, conforme
alerta Mônica Façanha. “O distanciamento vai ser útil enquanto estiver
acontecendo. Ele não tem uma ação a longo prazo em termos de prevenção. A não
ser que a ação se mantenha”, finaliza a infectologista.
Por G1 CE
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