terça-feira, 15 de março de 2022

Gerente da loja Zara onde delegada negra foi barrada não é localizado pela Justiça do Ceará seis meses após o caso



A Justiça cearense não conseguiu localizar Bruno Filipe Simões Antônio, gerente da Zara acusado de racismo no caso em que uma delegada negra foi barrada ao entrar nas dependências da loja em um shopping de Fortaleza, em setembro de 2021. Ele se tornou réu em dezembro do ano passado, após ser denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) e, desde então, não foi encontrado no endereço informado.

O MPCE informou que ele ainda não é considerado foragido e disse ter tomado conhecimento de que "ele apenas não se encontrava no local nos momentos em que o oficial de Justiça o procurou". Por isso, o órgão emitiu parecer para oficiar a Zara para saber se ele ainda trabalha no local. Ao g1, a loja disse que o réu "faz parte dos quadros da empresa".

O caso ocorreu em 14 de setembro de 2021 e ganhou repercussão mundial. Na época, a loja disse à policial que ela tomava sorvete e estava sem máscara e, "por questão de segurança", não podia entrar na unidade, uma vez que o uso obrigatório de máscaras já estava em vigor no estado.

Imagens de câmeras de segurança no interior da loja, no entanto, mostraram que pessoas brancas sem máscara entraram no local no mesmo dia em que a delegada foi barrada.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) explicou que os autos do processo em questão estão conclusos para despacho do juiz do caso. "Isso significa que, a qualquer momento, o Juízo da 14ª Vara Criminal, onde o processo está em tramitação, deverá analisá-los", afirmou o Poder Judiciário.


Denúncia contra gerente

Um trecho da denúncia aceita pela Justiça cearense contra o gerente da Zara aponta que "embora o delatado tenha afirmado que todos os funcionários são orientados a abordar e orientar quem não esteja fazendo o uso adequado da máscara de proteção e que no dia dos fatos não teve contato com nenhum cliente que não estivesse de máscara, os vídeos do dia 14/09/2021 demonstram o contrário".

Segundo o documento, "constatou-se que esses clientes não foram orientados a colocar a máscara de proteção e alguns foram atendidos normalmente por funcionários da Loja Zara, inclusive, 20 minutos antes da prática do delito [impedir a delegada negra de entrar na loja]", afirmou a promotora de Justiça Ana Cláudia Morais.

Segundo investigação da Polícia Civil, funcionários da loja foram orientados a usar o código "Zara zerou" no circuito interno de alto-falantes da loja para alertar quando clientes negros "suspeitos" entravam na loja.

O gerente da loja deve ser julgado com base no artigo 5º da Lei 7.716. A lei define os crimes "resultantes de preconceito de raça ou de cor". Já o artigo 5º define que é crime "recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador".

Em caso de condenação, a pena prevista varia de um a três anos de reclusão.


Por g1 CE


Nenhum comentário:

Postar um comentário