terça-feira, 19 de julho de 2022

Fóssil de dinossauro ancestral das aves pode ser repatriado da Alemanha para o Brasil: ‘essa peça virou uma bandeira’


O fóssil Ubirajara jubatus pode ser repatriado da Alemanha ao Brasil, após reunião de autoridades alemãs que ocorre nesta terça-feira (18). O material deve ser encaminhado ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, que, inclusive, tem grande expectativa que o governo alemão tome decisão favorável ao processo de devolução, conforme o diretor da instituição, Allysson Pinheiro.

“Essa peça virou uma bandeira. Ficou um caso muito explícito onde os pesquisadores, na própria descrição da espécie, citam a forma como foi adquirido o material e, claramente, não foi em conformidade com as nossas legislações”, explicou o diretor do museu.

O fóssil é datado do período Cretáceo, vivendo há cerca de 110 e 115 milhões de anos. O Ubirajara jubatus se tornou o dinossauro mais antigo da Bacia do Araripe, considerada um “ancestral” das aves. O holótipo — peça única que serviu de base para a descrição da espécie — está no Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha.

“A peça é superinteressante; é um dinossauro que tem características que levam a transição para as aves, estruturas que não se conheciam ainda em dinossauros, mas o que chamou a atenção foi o fato chato na descrição que, inclusive, motivou a retirada, a despublicação do artigo científico — algo muito sério e raríssimo”, complementou Allysson.

“A expectativa é muito alta porque isso é uma vitória coletiva muito grande; um sinal que as coisas estão melhorando, estão mudando nas relações entre os países e uma ‘boa ciência’, vamos dizer assim. E isso só aconteceu por conta de uma mobilização da sociedade brasileira e da comunidade científica como um todo”, declarou Allysson, que é professor da Universidade Regional do Cariri (Urca).

A ida do material para a Alemanha é questionada há anos pela comunidade científica brasileira, que aponta para uma possível exportação ilegal de peças coletadas no Brasil. Em dezembro de 2020, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para investigar a saída do fóssil.


Por Samuel Pinusa, g1 CE


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