sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Punição de André Fernandes por quebra de decoro será decidida com votação aberta na Assembleia do Ceará



Os deputados da Assembleia Legislativa decidirão, com votação aberta, se acatam ou não a punição com suspensão de 30 dias para o deputado André Fernandes (Republicano) por quebra de decoro. A determinação foi definida na sessão desta quinta-feira (13), por 37 votos favoráveis e nenhum contrário, após o presidente da Casa, deputado José Sarto (PDT), submeter ao plenário uma questão de ordem levantada pelo deputado Heitor Férrer (SD) sobre o tipo de votação para decidir suspensão parlamentar. A data da votação ainda deve ser marcada.

Fernandes responde a processo ético desde agosto do ano passado, por ter acusado o deputado Nezinho Farias (PDT), de integrar organização criminosa. Ele chegou a protocolar uma denúncia no Ministério Público do Ceará (MPCE), que foi arquivada por falta de provas. Pouco tempo depois, Fernandes usou a tribuna para pedir desculpas a Nezinho.

O Regimento Interno da Casa estabelece votação secreta, quando for necessário decidir sobre suspensão de parlamentar, enquanto uma emenda de 2013 na Constituição Federal diz o contrário, determinando votação aberta.

A questão de ordem é levantada quando há dúvidas sobre aplicação de normas no regimento interno. Com a decisão desta quinta, outros processos disciplinares que tramitam na Casa também terão que ser submetidos a votação aberta. A medida invalida processos votados anteriormente. Em casos de punição disciplinar, os votos são contabilizados nominalmente.

Alvo da punição, o deputado André Fernandes defendeu que a votação fosse aberta, para que a população soubesse quem vota contra e a favor dele. Além disso, ele destacou que a medida vai impactar outros parlamentares com processos na Casa, como Leonardo Araújo (MDB), Osmar Baquit (PDT) e Bruno Gonçalves (PL).

"Visando uma questão de transparência, eu prefiro que seja aberto. O que a gente tá prevendo aqui não se trata apenas do meu caso, então eu prefiro que todas (votações sobre processos disciplinares) sejam abertas, para que a população saiba quem vota contra o André Fernandes, quem vota contra o Leonardo (Araújo), quem vota contra o Osmar (Baquit)", defendeu.

Apesar de ter levantado dúvidas, a votação aberta foi defendida pela maioria dos parlamentares da Casa, inclusive por adversários de Fernandes. A modelo de votação da punição de Fernandes começou a ser votada em plenário antes do parlamentar chegar a Casa. O deputado Elmano de Freitas (PT), por exemplo, pediu aos colegas parlamentares que esperassem a chegada do bolsonarista para decidir a maneira de votação do parecer.

"Eu queria sugerir que nós só tomemos uma decisão quando o André chegar, em respeito a ele como parlamentar. Eu não gostaria que decidissem algo sobre o meu mandato quando eu não estivesse. Se nós votarmos para ser aberto, será aberto para todos os processos disciplinar na Casa", defendeu.


Por Alessandra Castro, G1 CE


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