terça-feira, 6 de julho de 2021

Famílias dormem em casas sob risco após interdição causada por queda de muro em Fortaleza



Famílias que tiveram as casas interditadas após o desabamento de parte do muro de uma fábrica desativada que deixou dois irmãos feridos, no Bairro Quintino Cunha, em Fortaleza, dormiram nas residências durante a noite desta segunda-feira (5), mesmo com a Defesa Civil constatando riscos na segurança das estruturas.

Entre as justificativas dos moradores para permanecerem nas casas, está o tempo insuficiente para encontrar uma residência para alugar ou a falta de parentes que possam dar abrigo.

Ao todo, 16 residências foram interditadas. Nesta terça-feira (6), a equipe da Defesa Civil retornará ao local para tentar convencer a saída dos moradores de outras oito casas, que insistem em permanecer nos imóveis. De acordo com o órgão, as famílias vão ser beneficiadas com aluguel social e materiais assistenciais, como cesta básica, colchonetes e cobertores.

Contudo, a dona de casa Edilane Ferreira, mãe das duas vítimas atingidas com o desabamento, relata que, até a noite desta segunda, nenhum morador recebeu as assistências prometidas.

"Não falaram nada. Só falaram que a gente tinha de procurar algum canto para ficar, mas não falaram em dar dinheiro, em ajuda de custo, só falaram que a gente não se preocupasse porque eles iam resolver o muro. Mas como é que a gente vai ficar?!", denunciou a dona de casa.

"Até agora ninguém recebeu nada. Eu fui para a casa da minha mãe porque não tenho como ficar na minha casa. Graças a Deus eu tenho minha mãe que mora aqui pertinho, mas não deram nada para ninguém", complementa Edilene.

A Defesa Civil, por meio da assessoria de imprensa, explicou que as famílias prejudicadas com o desabamento precisam, antes, encontrar um imóvel disponível para alugar, e assim, posteriormente, receber o benefício social referente ao pagamento.


'Filme de terror', relata vítima

Uma das vítimas de um desabamento do muro de uma fábrica no Bairro Quintino Cunha, em Fortaleza, narrou os momentos de desespero vividos com o acidente. A autônoma Grasiele Ferreira, de 20 anos, estava em casa com o irmão quando ambos foram atingidos pela estrutura, nesta segunda-feira (5).

"Eu fiquei desesperada porque eu e meu irmão somos muito companheiros, eu amo meu irmão. Quando eu não vi ele, eu me desesperei. Eu fui para a rua, mas nem em pé eu conseguia ficar. Só ficava no chão, chorando e perguntando pelo meu irmão. Parecia cena de filme de terror", lembra Grasiele.

"Eu vi o muro caindo de repente, mas não tinha como a gente correr; caiu de uma vez, eu só virei meu rosto e senti alguma coisa batendo nas minhas costas, acho que foi uma madeira", relata a jovem.

Quatro residências foram atingidas após o desabamento, conforme o Corpo de Bombeiros do Ceará. O dono da fábrica de tecelagem, que está desativada, já havia sido notificado sobre o risco de desabamento.

Os dois foram socorridos por moradores da região para o Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, onde receberam atendimento médico. A jovem recebeu alta ainda na noite da segunda, mas o irmão seguiu internado.

"Na hora que eu caí, senti que minhas costas e meus braços estavam doendo muito, e não consegui ver meu irmão. Aí eu gritei por ajuda, meu pai me pegou e fiquei gritando por meu irmão. Alguns moradores da rua e meu pai ficaram procurando meu irmão dentro de casa, só que encontraram ele dentro dos escombros, ele ficou com a cabeça machucada — pegou quatro pontos — e está com um olho inchado", relembra a vítima.


'Perder a casa é triste'

Após o desabamento que deixou os dois irmãos feridos, a Defesa Civil do município interditou 16 residências do entorno do imóvel. Os agentes realizaram as orientações no local e oito famílias concordaram em desocupar as casas.

"Eu sinto alívio, porque eu e meu irmão estamos bem, não fraturamos nada e só tivemos pequenas escoriações. Só que perder a minha casa, não ter onde dormir, isso desespera qualquer um. Estou sentindo dor, mas perder a casa é triste", revela a jovem, uma das pessoas obrigadas a evacuar a própria casa.


Por G1 CE


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