As mulheres ganharam mais um lugar indesejável no ranking de penalizações sociais ao acumularem mais demissões do que os homens durante a pandemia, em 2020. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia revelam um saldo positivo de 10.063 postos de trabalho para homens de março a dezembro do ano passado, no Ceará, enquanto as mulheres perderam 1.054 empregos no mesmo período.
O analista de mercado de trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, frisa que, historicamente, mulheres estão em igual patamar a segmentos populacionais como pessoas com deficiência, com idade avançada ou egressos do sistema penal quando se trata de dificuldades no mercado de trabalho.
Só 4 em cada 10 mulheres estão no mercado
“Geralmente, a taxa de participação dos homens gira em torno de 66%, ou seja, pelo menos 6 em cada 10 homens estão no mercado de trabalho. Quando a gente olha pras mulheres, esse número é no patamar de 40%, ou seja, não chega nem na metade. Então, enquanto mais da metade dos homens estão inseridos no mercado de trabalho, essa relação inverte entre as mulheres”, diz o analista.
Considerando todo o ano passado, o levantamento do Caged mostra a criação de 15.989 postos de trabalho para homens e apenas 2.557 para mulheres no Ceará. Os dados também revelam que o mês de abril teve o pior cenário de demissões para mulheres. Elas perderam 13.806 postos de trabalho.
No cenário nacional, a disparidade entre homens e mulheres é ainda mais alargada, tendo o País gerado 230.294 mil empregos para os homens, e fechado 87.604 postos de trabalho para mulheres em 2020.
“Mostra que realmente a tendência é a mesma. Independentemente do espaço geográfico, isso acaba reproduzindo uma questão cultural do mercado de trabalho”, frisa Mesquita.
Fonte: Diario do Nordeste
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