segunda-feira, 4 de abril de 2022

Venda de motos acelera 14%, e consumidores enfrentam fila de espera



Na tentativa de diminuir os custos com combustíveis, o uso de motocicletas e bicicletas tem ganhado a rotina de muitos brasileiros. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) apontam que a venda de motos, no primeiro bimestre deste ano, cresceu 14% no Brasil, se comparado a janeiro e fevereiro de 2021.

Apesar da alta nos negócios fechados, quem deseja adquirir o bem está pagando até 23% mais caro, além de aguardar por até quatro meses nas filas de espera das concessionárias de Belo Horizonte e região metropolitana para retirar as motos. Isso ocorre devido a problemas enfrentados por montadoras na aquisição de chips e demais insumos que integram a produção no mercado externo, as revendas estão com os estoques de pronta-entrega praticamente zerados.

Na concessionária Minas Motos, que faz a venda da linha Honda, o faturamento cresceu 25% neste ano. O gerente comercial Ângelo Mendes, que atua com vendas há 22 anos, afirma que o setor de motos vive o melhor momento. ''A gente vem em um crescimento desde meados de março. Hoje não tenho nenhuma moto em pronta-entrega e isso é uma característica de BH, do estado e do Brasil em todas as concessionária'', revelou.

Ele relata que a campeã de vendas é o modelo CG Fan 160. O modelo, conforme o gerente, é o mais comprado para quem vai usar a moto a trabalho, como entregadores em plataformas de delivery, e em deslocamentos diários. ''Cada vez que a gasolina aumenta a gente observa um novo público enxergando a moto como possibilidade. Hoje com a moto você gasta um terço do que gastaria em combustível com o carro'', frisa.

Ângelo relata que os reajustes de preços que antes ocorriam 2 vezes por ano, chegam a acontecer quase que bimestralmente agora. ''Os suprimentos eletrônicos e todos os componentes da motocicletas ficaram mais caros'', explica. O motoboy Donizeti Ferreira, de 24 anos, observou o crescimento. Em 2019, ele comprou uma Honda CG Titan por cerca de R$13 mil. ''Eu uso ela para o meu sustento, trabalhando em aplicativos. Mas o preço da moto está lá em cima, paguei quase R$15 mil'', relata.

Em lojas de revenda da Suzuki, o problema também é notado, com tempo de espera podendo chegar a dois meses, além de preços mais elevados. ''Nem estoque tem. E como a gente não tem previsão de chegada e de preços, não trabalhamos com fila de espera para não gerar insatisfação ao assumir compromisso com clientes'', afirma Vinicius Amaral, proprietário de rede de lojas de bicicletas e de concessionárias de motos.


Gasolina é vilã

O economista-chefe da Fecomércio Minas, Guilherme Almeida, diz que o uso de motos é saudável para a saúde financeira das famílias em um momento de pressão inflacionária sobre combustíveis. ''Só em 2021, um terço do Índice de Preços ao Consumidor Amplo foi correspondente à gasolina. Teve um peso relevante na variação de preços em 2021 e continua neste ano'', afirma.

Almeida ainda explicou que a dificuldade na fabricação de motocicletas tem relação com o conflito entre Rússia e Ucrânia e com os impactos da pandemia na China, de onde vem a maior parte dos insumos importados. ''Ainda que o bem consumido, comercializado no brasil não seja importado, o insumo utilizado no processo produtivo é importado do país chinês. Então temos um impacto decorrente desse choque de oferta que é esperado até o fim do primeiro semestre'', ressalta.


Bicicletas têm maior produção desde 2013

De acordo com a Abraciclo, a produção de bicicletas em Manaus teve o melhor resultado no primeiro bimestre deste ano, desde 2013. Foram 125.149 bikes produzidas. O recorde até então havia sido observado há nove anos, com 127.028 unidades saindo das linhas de montagem. Mas apesar dos bons índices de fabricação, as lojas em BH relatam queda nas vendas. Na Dé Bikes, em Venda Nova, o movimento foi intenso durante as fases agudas da pandemia, mas se normalizou no segundo semestre do ano passado

Na BH Bike Store, a intensidade de vendas também se estabilizou. A preocupação do proprietário, Vinicius Amaral, é com a dificuldade de repor estoques devido aos problemas enfrentados por fabricantes. ''Ano passado não teve mercadoria. O mercado está aquecido, mas o problema é só o produto. Nós estamos com pedidos com previsões de receber bicicletas em maio de 2023'', conta.

O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, reconhece o problema e garante que estudos sobre a cadeia logística são feitos para minimizar a falta de insumos. ''Com essa estratégia, estamos retomando a capacidade de produção das fábricas e, aos poucos, vamos equilibrar a oferta e demanda por bicicletas.''


Transporte em duas rodas

  • Frota nacional de motos: 24.732.701
  • Frota de motos em Minas: 2.764.247
  • Frota de motos em BH: 250.857


  • Vendas de motos no Brasil em 2022 (jan e fev): 163.693 unidades
  • Produção estimada de motos no Brasil em 2022: 1,3 milhão
  • Produção estimada de bicicletas no Brasil em 2022: 880 mil


Fontes: Denatran e Abraciclo


O Tempo


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