terça-feira, 9 de agosto de 2022

Antigo campo de concentração de retirantes da seca, Sítio do Patu é tombado no interior do Ceará

 


Um antigo campo de concentração de retirantes da seca no interior do Ceará foi tombado nesta segunda-feira (8). O Sítio Histórico do Patu, no município de Senador Pompeu, funcionou de 1932 a 1933, e estima-se que abrigou cerca de 20.000 pessoas oriundas de diversas partes do estado que chegavam ao local a pé ou de trem.

O tombamento definitivo do Sítio Histórico do Patu foi aprovado em reunião extraordinária do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (Coepa), na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece).

“Tão importante quanto a preservação do Sítio Histórico, é trazer à tona as histórias de vida das pessoas que ali estiveram e como a seca de 1932 institucionalizou as práticas de confinamento. O reconhecimento de um crime contra a humanidade, na figura dos mais pobres. É uma memória sensível, é uma memória de dor”, afirma Jéssica Ohara, coordenadora de Patrimônio (Copam), da Secult Ceará.

"São memórias sensíveis, são memórias dolorosas. É para que isso seja ressignificado em resistência, para que não mais aconteça", afirma o secretário da Cultura, Fabiano Piúba.

Embora guardem marcas de momentos cruéis na vida de retirantes, estas áreas, ressaltam historiadores, apesar de serem chamadas de campos de concentração, não podem ser associadas aos campos de extermínio que existiram na Alemanha, durante o regime nazista.

A semelhança está atrelada à ideia de controle sobre uma determinada população. No mais, os campos de concentração do Ceará não tinham a finalidade de exterminar a população abrigada, apesar de as condições sanitárias desses locais configurarem riscos profundos aos retirantes.


Sítio Histórico do Patu

A estrutura era utilizada para abrigar "retirantes da seca", termo usado para descrever pessoas que deixaram suas casas e cidades onde moravam com a intenção de fugir dos efeitos da estiagem. O Ceará teve, inclusive, oito espaços como este.


Por Samuel Pinusa, g1 CE


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