terça-feira, 5 de abril de 2022

Quase toda a população mundial respira ar poluído, segundo a OMS



Quase toda a população mundial (99%) respira ar poluído que faz mal à saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que instou a reduzir o uso de combustíveis fósseis.

Essas conclusões são o resultado de uma combinação de dados coletados por milhares de cidades, explicou à imprensa a Dra. Sophie Gumy, do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS.

Em um relatório, a OMS indica que um número recorde de mais de 6.000 áreas urbanas em 117 países agora monitora a qualidade do ar. Isso representa "cerca de 80% da população urbana do mundo", segundo Gumy.

No entanto, esses habitantes respiram níveis perigosos de partículas finas e dióxido de nitrogênio, e os mais expostos são as populações que vivem em países de baixa e média renda.

"Tendo sobrevivido a uma pandemia, é inaceitável continuar com 7 milhões de mortes evitáveis e perder incontáveis anos de boa saúde devido à poluição do ar", lamenta a Dra. Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente da OMS.

"Há mais investimentos dedicados a um ambiente poluído do que a um ambiente de ar limpo e saudável", assegura Neira.

A maioria das medidas referidas no relatório foram tomadas entre 2010 e 2019, antes da pandemia de Covid-19, que teve impacto nos transportes e em vários setores econômicos e industriais poluentes.

Para a OMS, as conclusões do relatório revelam a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis e a adoção de outras medidas concretas para reduzir os níveis de poluição do ar.


Partículas

"As preocupações atuais com a energia destacam a importância de acelerar a transição para sistemas de energia mais limpos e saudáveis", ressalta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.

"Os preços crescentes dos combustíveis fósseis, a segurança energética e a urgência de enfrentar os dois desafios de saúde - poluição do ar e mudanças climáticas - ressaltam a necessidade urgente de fazer progressos mais rápidos em direção a um mundo muito menos dependente de combustíveis fósseis", indica.

Dados atualizados do Banco de Dados de Qualidade do Ar da OMS apresentam pela primeira vez medições terrestres das concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio (NO2), um poluente urbano comum e precursor das partículas e do ozônio.

Cerca de 4.000 locais em 74 países coletam dados sobre o dióxido de nitrogênio no solo. Apenas um quarto dos habitantes desses locais respiram concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio de acordo com as diretrizes da OMS.

O dióxido de nitrogênio está associado a doenças respiratórias, principalmente asma, e gera sintomas respiratórios (como tosse, falta de ar, etc.) que podem levar a internações.

Nos 117 países que monitoram a qualidade do ar, a OMS constata que a qualidade do ar de 17% das cidades de alta renda está abaixo das diretrizes da OMS.

Em países de baixa renda, a qualidade do ar em menos de 1% das cidades atende aos limites recomendados pela OMS.

As partículas são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e na circulação sanguínea, causando problemas cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórios.


ONU: mundo deve frear emissões de CO2 até 2025 para 'futuro viável'

As emissões de CO2 devem ser reduzidas até 2025 para que o futuro da humanidade seja "viável" - alerta um relatório do grupo de especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC, na sigla em inglês), divulgado nesta segunda-feira (4).

Para que o aquecimento do planeta não gere mudanças irreversíveis, restam apenas três anos para que essas emissões se estabilizem e depois comecem a cair, acrescentou o IPCC.

E, se não forem desenvolvidas técnicas de captura de carbono, o carvão deve ser abandonado totalmente, com uma redução de pelo menos 60% no uso de petróleo, e de 70%, o do gás, até 2050, na comparação com os níveis de 2019.

''Quase toda produção mundial de eletricidade deve ser procedente de fontes com zero, ou baixa emissão de carbono'', insiste o IPCC.

Apenas 10% da eletricidade produzida no mundo em 2021 provém da energia solar, ou eólica, calculam especialistas do setor independentes.

Ainda conforme o relatório, os lares que representam os 10% com maior renda do mundo acumulam 45% das emissões de gases de efeito estufa. Dois terços desses 10% vivem nos países desenvolvidos.

As emissões das classes médias e desfavorecidas dos países desenvolvidos representam, por sua vez, entre 5 e 50 vezes mais do que suas homólogas nos países em desenvolvimento, completa o IPCC.

Debatido ao longo de duas semanas, o texto propõe mudanças radicais no estilo de vida da Humanidade, que hoje enfrenta a disparada do preço da energia, devido à guerra na Ucrânia.

''Ter políticas públicas, infraestruturas e tecnologia para poder mudar nosso estilo de vida e nossos comportamentos'' é essencial para atingir esses objetivos, explica o grupo de especialistas.

"Alguns governos e líderes empresariais dizem uma coisa, mas fazem outra. Para ser sincero, eles mentem. E os resultados serão catastróficos", declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma mensagem de vídeo após a divulgação do relatório.


Fonte: O Tempo

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