quarta-feira, 9 de março de 2022

Água de 7 municípios do Cariri registram substâncias tóxicas acima do nível de segurança

 


Nesta terça-feira (8), um levantamento realizado pela organização Repórter Brasil, apresentou dados sobre a qualidade da água nos municípios brasileiros entre os anos de 2018 e 2020. De acordo com o Mapa da Água, somente no Ceará, 14 municípios registraram presenças de substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer, destes, 7 são da região do Cariri.

O levantamento analisou os resultados de testes feitos pelas empresas e instituições responsáveis pelo abastecimento que integram os dados do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, (Sisagua), do Ministério da Saúde. Os dados também foram interpretados de acordo com os parâmetros da organização.

Os dados foram classificados em: substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer; outras substâncias que geram riscos à saúde; substâncias detectadas dentro do limite de segurança e municípios que não enviaram informações ou enviaram dados inconsistentes.

As cidades que tiveram resultados acima do limite de segurança foram: Ararendá, Baixio, Caucaia, Catunda, Fortaleza, Tamboril, Ipaumirim, Juazeiro do Norte, Mauriti, Monsenhor Tabosa, Nova Olinda, Poranga, Porteiras e Umari. Em todos esses municípios foi encontrada, em alta quantidade, pelo menos uma substância listada como ''reconhecidamente'' ou ''provavelmente'' cancerígena, disruptora endócrina (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadora de mutação genética.

Nos municípios do Cariri, a substância que prevaleceu nas amostras foi o Nitrato na forma inorgânica. Classificado como provavelmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. A substância e seus compostos são utilizados na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e pela indústria farmacêutica na produção de medicamentos vasodilatadores, aponta o estudo.

A lei determina que os fornecedores são os responsáveis por testar a água e por apresentar os resultados à autoridade de saúde local, por meio do registro desses dados no Sisagua. Mas, 48% dos municípios brasileiros não informaram os resultados, o que impede o monitoramento da água nessas localidades.

Ainda de acordo com a pesquisa, um resultado acima do limite não significa necessariamente que a água de todo o município tem problemas, mas sim os locais abastecidos por aquela estação. ''Em termos de alerta para a saúde da população, porém, um local com problema pode afetar pessoas de diferentes partes do mesmo município, já que elas circulam e estão sujeitas a consumir água em diferentes locais''.

A reportagem do Site Miséria entrou em contato com a Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece). Em nota, a empresa afirmou que ''realiza o tratamento da água e distribui à população, mantendo rigoroso monitoramento da qualidade através de ensaios laboratoriais conforme preconiza o Ministério da Saúde e que o levantamento realizado erroneamente juntou os dados de empresas que apresentam substâncias tóxicas, aos dados de subprodutos de cloração que a Cagece monitora durante o tratamento da água nas Estações [...] todos os dados de monitoramento da Cagece ficam registrados no Sisagua, e atestam que a empresa monitora rigorosamente todas a etapas da cadeia de produção da água, de modo que providências sejam tomadas imediatamente quando se detecta algo fora do padrão''.


Por Yanne Vieira

Miséria.com.br

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