quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Análise da Marinha diz que manchas de óleo espalhadas pelo litoral do Ceará vêm da mesma fonte

 



Uma análise realizada pela Marinha do Brasil concluiu que as manchas de óleo encontradas ao longo do litoral do Ceará, em 2022, surgiram após o mesmo incidente, ou seja, vêm da mesma fonte. Os resíduos oleosos já atingiram todos os municípios entre Amontada e Aracati, inclusive a capital Fortaleza.

“As amostras apresentam o mesmo perfil químico de biomarcadores de petróleo entre si, o que indica tratarem-se de um mesmo produto (amostras oriundas de um mesmo incidente)”, diz a análise feita pela Capitania dos Portos do Ceará.

O relatório da Marinha traz ainda que as manchas analisadas no litoral cearense diferem do material registrado em Sergipe, em dezembro de 2021; e da Paraíba, coletado entre dezembro do ano passado e janeiro de 2022.

O documento reforça ainda a hipótese que o material deste ano não é o mesmo encontrado em 2019. "As diferenças observadas nos perfis químicos das amostras sugerem tratar-se de um novo incidente", explica o relatório.

"Ressalta-se o fato de que os resíduos oleosos estiveram expostos aos efeitos do intemperismo em meio ambiente por um período relativamente prolongado. Também não é possível determinar com exatidão por quanto tempo os resíduos coletados estiveram expostos a tais efeitos", discorre a análise da Marinha.

As origens das manchas de óleo nas praias cearenses ainda estão sob análise de pesquisadores.


Novos aparecimentos das manchas

As manchas de óleo que voltaram a aparecer em janeiro deste ano no litoral cearense continuam avançando pelo litoral oeste e chegaram ao município de Amontada, na manhã desta segunda-feira (15). Na cidade, ficam destinos turísticos nacionais, como Icaraizinho e Moitas.

Ao todo, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) já contabiliza 60 praias de 13 municípios com o aparecimento de piches.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente de Amontada, Cândido Neto, informou que encontrou vestígios oleosos na praia de Caetanos de Cima, mas a quantidade, conforme ele, era inferior a 100 gramas. Por isto, a prefeitura irá realizar novo monitoramento durante a tarde para analisar se há mais resquícios do material.

As causas do desastre ambiental ainda são desconhecidas. Pesquisadores ainda tentam descobrir o que provocou o derramamento, mas já descartaram hipóteses como resquícios do desastre ambiental de 2019 e relação com a erupção do vulcão em Tonga.

De acordo com a bióloga Alice Frota, integrante do Coletivo Verdeluz, as manchas de óleo são tóxicas e põem em risco a vida marinha. Ainda não há registros de problemas de saúde em banhistas registrados no Ceará em decorrência do óleo.


Veja quais praias e municípios já têm registro de manchas de óleo:


  • Litoral Leste
Aracati – Cumbe, Canoa Quebrada, Majorlândia, Quixaba, Fontainha e Lagoa do Mato;

Fortim – Praia Canoé e Praia do Forte;

Beberibe – Praia do Parajuru e Prainha do Canto Verde;

Cascavel – Barra Nova, Barra Velha, Águas Belas e Caponga;


  • Fortaleza e Região Metropolitana
Aquiraz – Porto das Dunas, Japão, Prainha, Marambaia, Praia Bela, Praia do Presídio, Praia do Iguape, Praia do Barro Preto e Praia do Batoque;

Fortaleza – Praia da Abreulândia, Sabiaguaba, Praia do Futuro, Cais do Porto/Serviluz, Praia da Leste Oeste e Barra do Ceará;

Caucaia – Praia do Cumbuco; Cauípe, Icaraí, Tabuba e Iparana;

São Gonçalo do Amarante – Praia da Taiba, Pecém, Barramar e Colônia;



  • Litoral Oeste
Paracuru – Praia do Quebra Mar, Praia Pau Enfincado, Vapor, Piriquara, Pedra Rachada, Praia do Canto, Praia das Almas, Boca do Poço, Ronco do Mar, Praia da Munguba/Farol e Praia da Barra;

Paraipaba – Praia de Lagoinha, Porto Velho, Capim Açú;

Trairi – Praia de Cana Brava, Guajiru, Emboaca, Flexeiras e Mundaú;

Itapipoca – Praia de Tremembé, Praia das Pedrinhas e Praia da Baleia;

Amontada – Praias atingidas ainda não foram confirmadas.


No informe diário da Sema, há a informação de que a ONG AQUASIS relatou aparecimento de manchas de óleo na praia de Picos, em Icapuí, no extremo leste do Ceará. Contudo, a equipe de acompanhamento comunicou a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho, Agricultura, Meio Ambiente e Pesca de Icapuí (SEDEMA) disse que foi a campo e não confirmou a presença do material.


Por Samuel Pinusa, g1 CE


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